Neste final de semana a segunda etapa do Mundial de Pilotos e Construtores da F1 2024, se ilude quem acredita que a Red Bull RB20 é um super carro, muito mais rápido que os demais. A RB20 é realmente um grande carro, mas sua grande vantagem é ter em sua condução um grande piloto. Max tem antes de tudo um enorme talento natural, acrescido de muitos anos de pista desde o kart até a F1, passando pelos simuladores.
Max tem hoje uma visão de corrida que vimos em grandes campeões do passado, quando os campeonatos eram mais disputados, várias equipes tinham carros de ponta e grandes pilotos, se entrosa com o carro e domina cada volta da corrida.
Voltemos 3/4 de século e Fangio…
Citação de Ricardo Achcar…Piloto: Aquele que é capaz de enxergar no horizonte o ponto de fuga. Aquele ponto onde até a Liberdade…fica para trás.
Sem kart ou simuladores, a categoria era repleta de talentos naturais, e da Argentina vinha um quase quarentão mas que via cada corrida com aquela visão que diferencia os grandes campeões, era rápido e focado. A década de 1950 veria o resplandecer de Fangio, que nos dez anos viria a vencer cinco dos sete campeonatos que disputou, sendo duas vezes vice, com quatro marcas diferentes, Alfa Romeo Maserati, Ferrari, Mercedez Benz, até o ano de 1957 quando praticamente abandonou a carreira, correndo poucas etapas em 1958.. Meu grande parceiro, o amigo Caranguejo – Carlos Henrique Mércio – chama-o de Quintuple, assim como os argentinos, uma homenagem ao grande campeão e que cito constantemente em meus escritos.
Monaco 1950.
A Alfa Romeo é a franca favorita com sua 158/159, com três carros inscritos para Juan Manuel Fangio, Giuseppe “Nino” Farina e Luigi Fagioli. A Maserati com José Froilán González, outro grande talento argentino, Prince Bira, Toulo de Graffenried, Louis Chiron, Clemente Biondetti. E Enzo enfim chegando com a Ferrari e a 125 com motor de 12 cilindros, 1.500cc sobrealimentado, três grandes pilotos Luigi “Gigi” Villoresi, Raymond Sommer, e Alberto “Ciccio” Ascari, o italiano que ia encarar Fangio de frente nos próximos anos.
Fangio faz a pole mostrando ao que veio, enfiando dois segundos em Luigi “Gigi” Villoresi com a Ferrari 125. Giuseppe “Nino” Farina é o terceiro e Froilán González de Maserati em quarto a longos 3 segundos e 5/10.
Citação Fangio “Eu nunca fui um piloto corajoso…pilotos corajosos não contam sua própria história.”
Fangio com a propriedade que lhe era peculiar largou na ponta e foi seguido por Nino e Giggi e logo quando chegam à curva da Tabacaria uma onda vinda do porto invadiu a pista e Nino no segundo lugar roda e provoca o caos tendo oito carros ficado de fora da corrida logo de cara. Vejamos #32 Nino Farina, #36 Luigi Fagioli, #16 Louis Rosier, #52 Toulo de Graffenried, #24 Cuth Harrison, #10 Robert Manzon, #44 Franco Rol, #12 Maurice Trintignant, #8 Harry Schell.
A corrida continuou com Fangio na ponta e mesmo após a primeira volta a pista molhada na Tabacaria ainda fez vitimas.
Após 3h13m18s e 70/100 Fangio cruza a linha de chegada em primeiro, fazendo ainda a melhor volta da corrida com 1m51s e chegando quase um minuto à frente do segundo colocado Alberto “Ciccio” Ascari com a Ferrari 125 #40, Louis Chiron, Raymond Sommer, Príncipe Bira Bhandubandh, Bob Gerard e Johnny Claes sendo esses os únicos carros a terminarem após vinte e um haverem largado.
Rui Amaral Jr
PS: Meu amigo Ricardo Achcar, piloto de ponta e construtor, sua Polar construiu o Super Vê que venceu mais corridas e campeonatos, carro campeão com vários pilotos, entre eles meu amigo Chico Lameirão e depois com Nelson Piquet, que saiu da categoria para ganhar o mundo.