fbpx

O maior Portal de Sites e Marketing para pilotos e equipes do Esporte a Motor do Brasil

HISTÓRIAS QUE VIVEMOS

por Rui Amaral Lemos Junior

D3 – Conversando…

blank

Muito mais do que escrever quando estou na frente do teclado estou conversando com vocês. Hoje quando muitas pistas são de plástico, ao menos é o que parece, pilotos, equipes e tudo mais ficam distantes, me refiro principalmente à F1. Outro dia assisti às 12 Horas de Sebring, uma pista que pouco mudou, foram acrescentados itens de segurança obviamente, mas continuou aquela mesma de 60 anos atrás, vários pilotos brasileiros, alguns disputando a ponta, muito bom para nós, afinal o mundo do automobilismo não é apenas a  F.1

Costumo dizer que nada há de melhor do que sentar em uma mureta de box e conversar, em alguns autódromos não existem mais aquelas muretas que separavam os boxes das pistas, mas sempre haverá um lugar nas pistas onde poderemos conversar, agora é aqui, mas um dia quem sabe estaremos em alguma mureta de alguma pista contando altos papos!

Senta aí e vamos papeando…

Depois da estreia na Divisão Um, com o Dodge Dart, queria um carro mais rápido, e aluguei um VW D3 da equipe De Lamare, carro alugado dificilmente é o que esperamos, mas para mim estar numa pista e acelerando é o que importava, agora eu já era Novato.

blank
Eram assim os D3 da época,rodas Scorro, pneus Cinturatto, na foto meu amigo Caco – Carlos Meza Fernandes.
blank
Meu amigo Jr Lara, ainda novato.


Pilotar aquele D3 era muito mais prazeroso que o Dart, o trabalho na pista totalmente diferente, o câmbio uma Caixa 3 da MM tinha uma primeira bem longa que usava em duas curvas de Interlagos, a entrada do “S” original e no Bico de Pato, largar com ele era complicado, mas depois que embalava. Os freios apesar de ainda serem a tambores freavam bem, as rodas de aro 13 pol. com seis de largura na frente e oito atrás, equipadas com os Pirelli Cinturato de 165/13 e 185/13 faziam o carrinho ágil e com boa digibilidade. O motor 1.600cc com os dois Webber 48 e provavelmente com comando P3, outra obra da MM e derivado do Iskenderian, devia ter no máximo uns 120 hps, o bastante para ser mais de vinte segundos mais rápido que o Dart. Mas o que mais me impressionava era a chegada das curvas onde freava, no câmbio uma marcha certa para cada uma delas, e a freada lá dentro, com os tambores freando forte, para vocês terem uma ideia como Dart, que devia chegar à curva Três de Interlagos à cerca de 170/175 km/h eu freava 150m antes da curva, com o VW D3, que devia chegar pouca coisa mais rápido nos cinquenta, enfiando a terceira marcha, era delicioso.

No primeiro treino, alguns dias antes da corrida, já andei rápido, depois como de costume, os treinos antes da corrida, na sexta e sábado. Com o Dart havia rodado na Junção, agora querendo a cada volta andar mais rápido rodei algumas vezes, sempre querendo frear o mais tarde e acelerar antes, era inevitável, mesmo novato era a busca do limite, andando no fio da navalha.

Torneio União e Disciplina era uma homenagem ao nosso exército, e lá estava eu no box, quando percebi no box ao lado estava o amigo Luiz Pereira Bueno estreando o Porsche 980/2 da equipe Z que mais tarde seria a Hollywood, e muitas outras feras, Camilo Christofaro, Jayme Silva, Ciro Caires, Jan Balder…
Mesmo preocupado com minha corrida, não deixei de ver aqueles caras que conhecia da Auto Esporte e jornais, alguns como Luiz e Jayme já conhecia, eram amigos de meu irmão.
Assisti ao show de Luiz e o 980/2 da mureta do box que o separava a pista, largando em último acelerou forte, deve ter passado em minha frente a mais de 240 km/h sumiu na curva Um e logo estava na liderança.
blank
As feras da Kinko.

Nas duas baterias de Novatos, um amigo que havia estreado cerca de um mês antes comigo, fazia também a primeira corrida na categoria, Alfredo Guaraná Meneses. Íamos enfrentar os japoneses da Kinko, gente simpática a bessa, bons preparadores e bons pilotos, que já vinham há muito na categoria, fora o Puma de meu amigo José Martins Jr, carro feito na MM, ex Angi Munhoz e que era Divisão 4.  

Não lembro minha colocação no grid na primeira bateria, eram mais de vinte e cinco carros. Cai para último com aquela primeira muito longa, lembro que na freada para curva Três, já havia deixado seis ou sete dos carros mais lentos para trás, terminei a primeira volta lá pelo nono ou décimo lugar. Agora era hora de encarar os mais rápidos da categoria, ainda não os ponteiros, mas os carros à minha frente vinham rápido. Mais algumas ultrapassagens e terminei aquela bateria em sexto, longe de meu amigo Guaraná que foi quinto.

Na segunda bateria larguei na segunda fila e não perdi tantas posições, talvez cinco ou seis, mas era eu de novo remando para chegar a frente, cheguei em quinto e na soma geral fui o sexto, com o Guaraná em quinto, Paulo Kondracki em quarto, José Maldonado em terceiro, e o incrivel japonês da Kinko. Hiroshi Yoshimoto em segundo, a vitória foi de José Martins com o Puma, que corria em outra categoria já que seu carro era um Divisão 4.

blank
O amigo José Martins e o Puma D4. 

Para nós, novatos, era muito importante a divulgação e numa época onde não haviam os “assessores de imprensa” e quando os jornalistas faziam a matéria de jornais e revistas, o grande jornalista Luiz Carlos Secco destacou no jornal em que escrevia que as duas grandes atuações desta corrida haviam sido o Guaraná, mais tarde um grande campeão, piloto rapidíssimo e talentosíssimo, e eu com todas aquelas ultrapassagens.

blank
Minha credencial, corria com o #48 da equipe De Lamare.
blank
Ranking Auto Esporte 1971.

Uma coisa me serviu essa corrida, saber que era rápido e aprender a arte da ultrapassagem.
Não corri as duas próximas etapas de Novatos, o Festival de motores, que teve uma prova vencida por José Martins e a outra  por Jacob Kounrouzan. na Uma Hora de Calouros venceu Jacob Kounrouzan, de Lorena, também da Divisão 4.

Voltei a correr apenas em dezembro nas preliminares do Torneio Sulam, sempre com o mesmo carro da equipe De Lamare. O interessante é que quando cheguei à oficina da equipe e fui ver meu carro ele não era mais azul, foi pintado de verde, aquele dos Porsches, levei um baita susto! rsrsrs

Das duas corridas de duas baterias cada o que me lembro são algumas passagens. Largava na frente, mas em cada bateria dessas etapas quebrei. Lembro como se fosse hoje de uma largada em que estava na primeira fila, não lembro se pole, e um acontecimento bizarro, que vocês vão me permitir omitir me marcou muito.

Lembro de uma largada onde vários carros bateram na curva Três, e eu babando consegui passar pelo alto. Uma das quebras foi quando a correia do alternador/ventoinha se soltou e dei um toque no carro da Kinko, mais tarde meu amigo Julio Caio de Azevedo Marques veio me entregá-la. Nos boxes fui me desculpar com aquele japonês simpático, talvez uns vinte anos mais velho, e rimos muito.

blank
Dois novatos na curva do Sol.

Outra lembrança foi quando vinha na curva do Sol, curva rápida e de raio longo, quase na saída dela o carro começa a rodar, vinha talvez a uns 150 km/h. Felizmente rodei para pista, do lado de fora era o barranco, numa dessas rodadas vi o bandeirinha agitando a bandeira amarela e vermelha de óleo na pista. Não tinha visto e até hoje não sei se ele também não e só notou o óleo quando me viu rodopiando!!!! Não bati, fui de ré quase até a curva do Sargento, pisei no freio a frente veio, engatei a primeira e fiz a curva!

Alfredo Guaraná venceu de forma brilhante as duas etapas deste torneio, agora com a ajuda de Ítalo Adami e Robertinho da Autozoom, começava aí a trajetória de um dos pilotos mais rápidos que vi andar, em qualquer categoria.  

blank
Meus amigos João Carlos Bevilacqua e Eduardo Cordeiro nos KGs brancos.

Deste primeiro ano nas pistas guardo até hoje grandes amizades, João Carlos Bevilacqua, Jacob Kounrouzan, Edo Lemos e tantos outros, sem jamais esquecer aqueles que já subiram, Expedito Marazzi, Antonio Carlos Avallone, Alfredo Guaraná Menezes.
Rui Amaral Jr  

PS: Fora o ranking da Auto Esporte  perdi todos meus arquivos desta época, infelizmente.              

Rui

MAIS ARTIGOS

Wilson Fittipaldi, o Barão, um entusiasta do automobilismo, criou no Brasil com seu amigo Eloy Gogliano, copiando as Mille Milglia italianas as Mil Milhas Brasileiras no meio a década de 1950, seus dois filhos, Wilson Junior e Emerson, ainda eram muito jovens, mas certamente começaram a sentir a paixão pelo automobilismo.

No começo da década seguinte Wilson Junior, então chamado de Wilsinho começou, e logo em seguida movido pelo entusiasmo da chegada do kart seu irmão mais novo Emerson também começava. Eram o Tigrão e o Rato, e para glória do Barão, e de nós Brasileiros, poucos anos depois levaram seus nomes ao automobilismo mundial. E fizeram bonito, criaram uma dinastia…

 

Saiba mais >>

Sem kart ou simuladores, a categoria era repleta de talentos naturais, e da Argentina vinha um quase quarentão mas que via cada corrida com aquela visão que diferencia os grandes campeões, era rápido e focado. A década de 1950 veria o resplandecer de Fangio, que nos dez anos viria a vencer cinco dos sete campeonatos que disputou, sendo duas vezes vice, com quatro marcas diferentes, Alfa Romeo Maserati, Ferrari, Mercedez Benz, até o ano de 1957 quando praticamente abandonou a carreira, correndo poucas etapas em 1958.. Meu grande parceiro, o amigo Caranguejo – Carlos Henrique Mércio – chama-o de Quintuple, assim como os argentinos, uma homenagem ao grande campeão e que cito constantemente em meus escritos..



Saiba mais >>

Meados da década de 1940 a FIA – Federação Internacional de Automobilismo – e seu braço esportivo, tomam a decisão de criar uma categoria mundial, o Mundial de Pilotos da Formula Um, pretensão, devaneio ou uma grande visão do futuro?

O certo é que no calendário de seis corridas incluíram as 500 Milhas de Indianápolis, que corria com um regulamento diverso, as outras etapas foram: Inglaterra, Mônaco, Suíça, Bélgica, França e Itália. A ideia de trazer a Indy 500 era realmente de criar um campeonato mundial, a corrida foi durante anos marcada na mesma data da corrida do Principado, as equipes e pilotos teriam que optar, sendo pelo que sei até a data que foi excluída ninguém havia feito.



Saiba mais >>
>

Muito mais do que escrever quando estou na frente do teclado estou conversando com vocês. Hoje quando muitas pistas são de plástico, ao menos é o que parece, pilotos, equipes e tudo mais ficam distantes, me refiro principalmente à F1. Outro dia assisti às 12 Horas de Sebring, uma pista que pouco mudou, foram acrescentados itens de segurança obviamente, mas continuou aquela mesma de 60 anos atrás, vários pilotos brasileiros, alguns disputando a ponta, muito bom para nós, afinal o mundo do automobilismo não é apenas a  F.1

Saiba mais >>