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HISTÓRIAS QUE VIVEMOS

por Rui Amaral Lemos Junior

A Carretera                                                 

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Carretera em exposição no Velocult
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Carretera em exposição na FEI. Em homenagem que Ricardo Bock fez a Bird Clemente que ficou emocionado ao lembrar Camilo
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Solitária e soberba no grid em foto de meu amigo Ingo, fotógrafo catarinense

Décadas de 30/40 do século passado na Argentina, as corridas em estradas eram disputadissimas, os carros chamados de carreteras – estradas em castelhano -, seus pilotos heróis nacionais, entre eles Juan Manoel Fangio, que na década de 1950 venceu apenas cinco títulos mundiais da F.Um, sendo duas vezes vice.
Eram os Ford, Chevrolet, Mercury e outras marcas com seu peso totalmente aliviado, paralamas cortados, suspensões reforçadas e motores preparados, a correrem pelas estradas/carreteras argentinas e fazendo ídolos. Poderia citar talvez dezenas, mas Fangio e José Froilàn Gonzales, dois vencedores na F.Um décadas depois, exemplificam a força do que eram essas corridas.

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Orlando Menegaz, vencedor de duas Mil Milhas.
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Década de 1950, elas em disputa em Porto Alegre.
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Circuito Pedra Redonda, Porto Alegre, Aristides Bertuol tendo nem sua cola Orlando Menegaz.
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Na cidade de Bagé o pai de meu amigo Mike Mercede
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Catharino na carretera Corvette, a frente de José Azmus
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José Gimenez Lopez examina o motor Corvette de sua carretera.
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Meu amigo Vitorio Azzalin vencendo as Mil Milhas que correu com Justino de Maio.
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Julio Andreatta que com Catharino corria na equipe Galgos Brancos
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sem legenda
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Assim a molecada ia assistir as Mil Milhas, aí a turma de meu amigo Mike Mercede

No Brasil, as carreteras entraram pelo Sul, com mais força pelo Rio Grande do Sul revelando grandes nomes de nosso automobilismo. Catharino e Julio Andreatta, Orlando Menegaz, Breno Fornari, José Asmuz, Ítalo Bertão e dezenas de outros. Nas primeiras Mil MIlhas Brasileiras no ano de 1956 a vitória foi de Catharino Andreatta e Breno Fornari e até 1962 venceram mais quatro vezes com Catharino, Breno, Menegaz com mais de uma vitória cada.    


No meio da década de 1950, foi lançado um carro e motor da Chevrolet que revolucionou o mundo do automobilismo, foi o Chevrolet Corvette, até hoje um sonho de consumo de muitos.
No regulamento das carreteras era possível instalar naqueles sedãs antigos motores mais novos, desde que do mesmo fabricante. Foi quando as carreteras decolaram no automobilismo paulista e brasileiro. Tenho que lembrar que na época o único autódromo basileiro era Interlagos.
Aqui em São Paulo alguns nomes se destacam, Carlinhos Aguiar, Caetano Damiani, Vitório Azzalin, Justino de Maio, Donato Malzoni e tantos outros.


Mas hoje quero falar de um ídolo, não apenas meu, mas de uma grande quantidade de pilotos que com ele conviveram, duas ou três gerações. Ídolo de um bairro, uma cidade, um estado, um  país… Camilo Christófaro e sua carretera #18, o Lobo do Canindé, bairro paulistano onde morava e tinha sua oficina.
Camilo correu em várias categorias, e no final da década de 1950, de seu Chevrolet 1937 coupe, começou a fazer a carretera que fez história, sendo talvez o carro mais desenvolvido por suas constantes modificações, em década e meia de nosso automobilismo.


O Chevrolet 37 coupe recortado, abaixado em toda sua extensão, colocação do piloto mais atrás, rodas raiadas e um potente motor Corvette na frente, assim nascia uma lenda.

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Camilo e seu tio Chico Landi.

Camilo era sobrinho do grande Chico Landi, que junto com Christian Heins vencera as Mil MIlhas Brasileiras de 1961 com um JK/Alfa Romeo batendo pela primeira vez as carreteras gaúchas na lendária corrida, e apesar de vencer em outras grandes corridas perseguia a vitória nas Mil Milhas.


Na semana da corrida, eu então com 13 anos perturbava minha mãe, “quero ir a Interlagos, ver o Camilo vencer”. Moravamos no Pacaembú, na época ir até Interlagos era uma longa viagem, ela não me permitiu assistir a largada à meia noite em ponto, e pela manhã mandou que alguém, provavelmente nosso motorista “seu” Lauro nos deixasse lá. Deixados, um amigo e eu e vimos Interlagos lotado, lá de fora ouvíamos o som estridente dos motores e dizíamos “é o Camilo!”. Sentamos nas arquibancadas em frente aos antigos boxes, no Café, e para nossa decepção quem liderava era o DKW-Malzoni de dois moleques pouco anos mais velhos que nós, Jan Balder e Emerson Fittipaldi, capitaneados por Miguel Crispim Ladeira vinham na ponta, nem ligamos para eles, mal sabíamos das glorias que esses três nomes trariam pouco mais tarde ao nosso automobilismo, só Camilo importava.

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A tocada de Celidonio nas Mil Milhas 1966.
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Para abastecer…
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Caminha para vitória.
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Eloy Gogliano dá a bandeirada para Celidonio, Camilão, de preto, abre o grande sorriso e vibra, enfim a vitória nas Mil Milhas Brasileiras.

Eduardo Celidonio, bem mais jovem que Camilo e já um piloto experiente, vinha tocando a #18 andando muito forte. Das arquibancadas víamos Camilão nervoso na frente de seu box. De repente frenesi nos boxes, o Malzoni para com problema no motor, o grande Crispim começa a trabalhar e Interlagos se levanta ao ver Celidonio passar na ponta! Pouco depois entra no box para reabastecimento, Camilo não toma a direção, deixa para seu jovem parceiro a glória de ver a bandeirada, dada por Eloy Gogliano, da vitória!

Saindo do autódromo, felizes da vida, meu amigo e eu fomos pegar uma condução longe, acredito que no Largo de Santo Amaro, e só falavamos na vitória do Camilo e sua #18, esquecendo Celidonio, Jan, Emerson e Crispim, para nós meros coadjuvantes para vitória dele. Hoje Crispim e Jan são amigos queridos, dois grandes nomes de nosso automobilismo.

A evolução da #18
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A suspensão dianteira foi trocada por uma da Corvette, ainda com as rodas raiadas, bem maiores que as das Mil Milhas. .
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Já com rodas de 17 polegadas na traseira e os Webber 48 à amostra.
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Camilo instala na traseira a suspensão De Dion ( notem naquele tubo oco ) da Ferrari Testa Rossa acidentada, de Aguinaldo de Góes.
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Copa Brasil, largando majestosa entre Ferraris, Porches, ao lado do Bianco-BMW de Jaime Silva.

À memória de Camilo, e aos milhares de fãs que até hoje o cultuam.

Rui Amaral Jr

MAIS ARTIGOS

Wilson Fittipaldi, o Barão, um entusiasta do automobilismo, criou no Brasil com seu amigo Eloy Gogliano, copiando as Mille Milglia italianas as Mil Milhas Brasileiras no meio a década de 1950, seus dois filhos, Wilson Junior e Emerson, ainda eram muito jovens, mas certamente começaram a sentir a paixão pelo automobilismo.

No começo da década seguinte Wilson Junior, então chamado de Wilsinho começou, e logo em seguida movido pelo entusiasmo da chegada do kart seu irmão mais novo Emerson também começava. Eram o Tigrão e o Rato, e para glória do Barão, e de nós Brasileiros, poucos anos depois levaram seus nomes ao automobilismo mundial. E fizeram bonito, criaram uma dinastia…

 

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Sem kart ou simuladores, a categoria era repleta de talentos naturais, e da Argentina vinha um quase quarentão mas que via cada corrida com aquela visão que diferencia os grandes campeões, era rápido e focado. A década de 1950 veria o resplandecer de Fangio, que nos dez anos viria a vencer cinco dos sete campeonatos que disputou, sendo duas vezes vice, com quatro marcas diferentes, Alfa Romeo Maserati, Ferrari, Mercedez Benz, até o ano de 1957 quando praticamente abandonou a carreira, correndo poucas etapas em 1958.. Meu grande parceiro, o amigo Caranguejo – Carlos Henrique Mércio – chama-o de Quintuple, assim como os argentinos, uma homenagem ao grande campeão e que cito constantemente em meus escritos..



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Meados da década de 1940 a FIA – Federação Internacional de Automobilismo – e seu braço esportivo, tomam a decisão de criar uma categoria mundial, o Mundial de Pilotos da Formula Um, pretensão, devaneio ou uma grande visão do futuro?

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