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HISTÓRIAS QUE VIVEMOS

por Rui Amaral Lemos Junior

A História de Como Tudo Começou na Fórmula Um em Silverstone, 1950

 13 de maio de 1950 – Silverstone – Inglaterra.

Primeira fila do grid da Alfa Romeo.

Meados da década de 1940 a FIA – Federação Internacional de Automobilismo – e seu braço esportivo, tomam a decisão de criar uma categoria mundial, o Mundial de Pilotos da Formula Um, pretensão, devaneio ou uma grande visão do futuro?

O certo é que no calendário de seis corridas incluíram as 500 Milhas de Indianápolis, que corria com um regulamento diverso, as outras etapas foram: Inglaterra, Mônaco, Suíça, Bélgica, França e Itália. A ideia de trazer a Indy 500 era realmente de criar um campeonato mundial, a corrida foi durante anos marcada na mesma data da corrida do Principado, as equipes e pilotos teriam que optar, sendo pelo que sei até a data que foi excluída ninguém havia feito.

Aparece então o pomposo nome, Formula Um, que era, ou é, o título que é dado às regras que definem a categoria. Em seu rastro são regulamentadas todas as categorias de carros monopostos, Fórmula Dois, Formula Três e centenas delas que correm pelo mundo afora, como a F.Ford, Super Vê. Importante salientar que até 1958 o campeonato era apenas de pilotos, e a partir daí as marcas também foram incluídas.

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Na largada Fagioli e Fangio na briga pela ponta, ambos de Alfa Romeo

A FIA – Federação Internacional de Automobilismo – Criada no início do século passado, seu objetivo era, ou é, normatizar,  regulamentar a invenção que mudou o mundo, que fez do mundo um lugar menor, que fazia, e faz, os homens mais próximos um dos outros; o automóvel!  O automóvel que despertou paixões e entre elas a que nos move, a competição! Criada e mantida até hoje em solo francês, teve por muitas décadas um francês como presidente, seu poder é imensurável, é movida por interesses que vão além do automobilismo de competição, e poucos de nós que nele lidamos o conhecem, que dirá do público aficionado! Teve até um certo presidente dela, que interpretando certo regulamento ao seu bel prazer tirou o campeonato mundial de um brasileiro e o entregou a um francês. O brasileiro todos sabem quem é, os nomes dos franceses me nego a declinar.    

Cerca de década e meia da criação da FIA, foi criado o órgão que geria as competições de automobilismo, a FISA – Federação Internacional de Automobilismo Esportivo -, que normatizava as competições mundo afora, e determinava seu regulamento técnico e desportivo. Foi absolvida pela FIA se não me engano na década de 1990.

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Talbot Lago T26C.
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David Hampshire  Maserati, #19 Luis Chiron Maserati, 
Yves Giraud-Cabantous (14) Talbot-Lago

Até 1950 a categoria máxima do automobilismo mundial era a Grand Prix onde corriam as “voiturette”, com um regulamento aberto e que teve até o meio da década de 1930 como grandes concorrentes a Bugatti, Alfa Romeo, Maserati entre outras, por volta do meio desta década aparecem Auto Union e Mercedes Benz, que altamente subsidiadas e incentivadas pelos então detentores do poder venceram muito, até por volta de 1939/40, quando então a guerra iniciada por estes senhores “detentores do poder” na Alemanha, acabou com a atividade esportiva, que só voltaria, de maneira bem mais modesta, após seu final. Como se vê os países que dominavam as competições foram altamente prejudicados pela II Guerra Mundial, e a volta encontrou carros sucateados, projetos antigos que ganharam nova vida, e ao menos por enquanto o fim de dois outros ícones desta fase, a Mercedes Benz e a Auto Union, a propaganda política de uma certa maneira foi  deixada de lado.

Tirando os EUA, um mundo à parte, com suas centenas, talvez milhares de pistas, onde se pratica o automobilismo desde aquelas, para mim ridículas, corridas de trombadas, passando pelos incríveis Midgets, onde grandes campeões brigam  em ovais curtos, algumas vezes em pista sem asfalto, com quem se atreve a encará-los, até chegar às icônicas 500 Milhas de Indianapolis. realmente um mundo à parte, ainda mais para nós, os brasileiros.    

A escolha de Silverstone – O motivo não sei, mas imagino que apesar da Inglaterra não ter os maiores pilotos de pré guerra, ou mesmo algum imediatamente depois, a Ilha é onde o automobilismo é uma constante na vida de seu povo. São centenas de pistas, milhares de pilotos, em muitas categorias, que correm todos finais de semanas em corridas de clubes. Ao final da guerra diversos aeródromos criados pelas forças Aliadas, e Silverstone foi uma delas. foram transformados em pistas de corridas, fardos de feno em alguns pontos perigosos, cal para várias marcações e eis que estava pronto um autódromo onde os carros da época chegavam muito perto dos 300 km/h.

Do regulamento.

O desportivo era apenas baseado no fair play, muito diferente de hoje em dia os pilotos corriam com toucas de tecido grosso, macacões de pano, luvas e óculos especiais. Já o técnico dizia que os carros deviam ser monopostos, carenados ou não, os motores poderiam ser os 4.500cc aspirados ou 1.500cc com compressores, nada de Santo Antônio, cinto de segurança, KERS, extintores e outras “cositas”.

Os carros – Projetados antes da II Guerra, sendo a “cereja do bolo” a Alfa Romeo 158/159 Alfetta.  

A Alfetta uma magnífica criação de Gioacchino Colombo sob a batuta de Enzo Ferrari, cuja equipe era a representante da Alfa Romeo nas pistas. Seu motor de 1.500cc de oito cilindros em linha, era alimentado compressor Roots, e à mais de 9.000 rpm chegou a gerar mais de 425 hps. Projetada para combater as alemãs Auto Union e Mercedes Benz venceu muito nos anos que precederam a guerra, mesmo sem contar com o orçamento ilimitado das alemãs, apesar de ser uma estatal.

Maserati 4CLT, a marca italiana que encarava a Alfa Romeo e mais tarde a Ferrari, uma criação do próprio Ernesto Maserati, um dos quatro irmãos Maserati, tinha o motor de quatro cilindros em linha, 1.500cc, mais exatamente 1.491cc, sobrealimentada pelo compressor Roots, o motor uma joia de quatro válvulas por cilindro, menos potente que a Alfetta, sua vantagem sobre elas Alfas o menor peso e consumo.

Talbot-Lago T26C-DA, a marca francesa era comandada por um italiano, o Major Lago, assim como seu projetista. Ao contrário de seus adversários seu motor de seis cilindros em linha de era 4.500cc aspirado,  “double llume” ou dupla allumage, ou seja duas velas por cilindro, gerava cerca de 260 hps.
Estes eram os principais concorrentes, outras marcas completavam o grid, como a E.R.A, Simca-Gordini.

Ferrari, finalmente Don Enzo atuaria com sua própria fábrica, o carro uma verdadeira Ferrari, mas não correu na estreia da categoria.

Os pilotos

Uma época onde não haviam os karts e muito menos os simuladores, eles geralmente começavam a carreira com vinte, vinte e poucos anos, valia o “talento natural”! Stirling Moss ao contrário tinha apenas dezenove nesta corrida. Nino Farina, quarenta e quatro, tinha deixado seus anos de ouro na guerra e agora queria tudo que perdeu de volta. Da Argentina e quase chegando aos quarenta anos vinha o novo grande nome mundial, Juan Manuel Fangio, que partira para Europa anos antes com alguns outros grandes pilotos portenhos, entre José Florian Gonzalez que pilotaria para a Ferrari.

Uma ausência para nós brasileiros foi a do grande Francisco Landi, “seu” Chico amigo pessoal de Enzo havia vencido de forma magistral o GP de Bari em 1949, e agora não conseguia entrar na nova categoria, o que viria a acontecer apenas dois anos depois, mesmo assim sem a grande assistência que nosso campeão merecia.

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Giusepe “Nino” Farina, Alfa Romeo 158.
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Luigi Fagioli, Alfa Romeo 158.
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Juan Manuel Fangio, Alfa Romeo 158.
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 Príncipe Bira -Birabongse Bhanuban- Maserati.
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Philippe Etancelin Talbot-Lago T26C.

A corrida

Com quatro carros inscritos, Fangio, Nino Farina,  Luigi Fagioli e o local Reg Parnell, a Alfa largou nas quatro primeiras posições do grid. Na corrida Farina toma a ponta para perder um pouco depois para Fangio, que chegava já para mostrar o que viria a ser, o único carro a acompanhar o quarteto mesmo de longe era a Maserati de Príncipe Bira.

Fangio quebra e Nino Farina é o grande vencedor da primeira corrida da Fórmula Um.

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Giuseppe “Nino” Farina.
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A Princesa Elisabeth deixa Silverstone.
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Resultado

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Wilson Fittipaldi, o Barão, um entusiasta do automobilismo, criou no Brasil com seu amigo Eloy Gogliano, copiando as Mille Milglia italianas as Mil Milhas Brasileiras no meio a década de 1950, seus dois filhos, Wilson Junior e Emerson, ainda eram muito jovens, mas certamente começaram a sentir a paixão pelo automobilismo.

No começo da década seguinte Wilson Junior, então chamado de Wilsinho começou, e logo em seguida movido pelo entusiasmo da chegada do kart seu irmão mais novo Emerson também começava. Eram o Tigrão e o Rato, e para glória do Barão, e de nós Brasileiros, poucos anos depois levaram seus nomes ao automobilismo mundial. E fizeram bonito, criaram uma dinastia…

 

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Sem kart ou simuladores, a categoria era repleta de talentos naturais, e da Argentina vinha um quase quarentão mas que via cada corrida com aquela visão que diferencia os grandes campeões, era rápido e focado. A década de 1950 veria o resplandecer de Fangio, que nos dez anos viria a vencer cinco dos sete campeonatos que disputou, sendo duas vezes vice, com quatro marcas diferentes, Alfa Romeo Maserati, Ferrari, Mercedez Benz, até o ano de 1957 quando praticamente abandonou a carreira, correndo poucas etapas em 1958.. Meu grande parceiro, o amigo Caranguejo – Carlos Henrique Mércio – chama-o de Quintuple, assim como os argentinos, uma homenagem ao grande campeão e que cito constantemente em meus escritos..



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Muito mais do que escrever quando estou na frente do teclado estou conversando com vocês. Hoje quando muitas pistas são de plástico, ao menos é o que parece, pilotos, equipes e tudo mais ficam distantes, me refiro principalmente à F1. Outro dia assisti às 12 Horas de Sebring, uma pista que pouco mudou, foram acrescentados itens de segurança obviamente, mas continuou aquela mesma de 60 anos atrás, vários pilotos brasileiros, alguns disputando a ponta, muito bom para nós, afinal o mundo do automobilismo não é apenas a  F.1

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